Maior crise da aviação civil na história supera tragédia do 11 de Setembro.
É inquestionável o cenário de inflação global que assola a economia de todos os países, mas apenas parte da culpa é pandêmica, a outra parte? Como os governos lidaram com a pandemia e o exponencial aumento de passageiros. Neste texto, vamos te explicar os porquês dos aumentos massivos nos preços das passagens.
Cabe ressaltar que, 80% dos dólares impressos na história ocorreram entre 2020 e 2021, com o FED (Federal Reserve System) responsável pela emissão monetária dos Estados Unidos, imprimindo trilhões de dólares afim de buscar amenizar a crise do Covid-19. A conta dessa irresponsabilidade fiscal estamos vendo agora, com os Estados Unidos apresentando a maior inflação de 12 meses (9.1% em Junho) desde o mês de Novembro de 1981 e, por consequência, países que seguiram a mesma linha de emissão monetária e distribuição de renda se deparam com a mesma ou uma maior inflação como é o caso dos países europeus e dos países sul-americanos. Com essa injeção desenfreada de dinheiro na economia, a precificação das mercadorias evidentemente fica mais alta e o poder de compra dos cidadãos acaba por se tornar cada vez menor.
Essa perda do poder de compra por parte da população juntamente com a pandemia, suas restrições e adversidades, cominou em uma imensa incerteza quanto ao futuro da aviação civil. Isso gerou a maior crise de todos os tempos do setor, pois nunca em tão pouco tempo se viu uma demanda praticamente inexistente, restrições tão pesadas e um corte de funcionários tão grande de forma tão brusca. As companhias aéreas, demitiram massivamente, anteciparam aposentadorias e começaram a utilizar aeronaves mais enxutas e econômicas para sua folha salarial conseguir respirar e as empresas sobreviverem, haja vista a impossibilidade de previsão de retorno do setor.
Vieram as vacinas, as variações enfraquecidas do vírus e o entendimento do risco de exposição, o que fez com que a demanda crescesse exponencialmente, enquanto a oferta ainda se recuperava de um gigantesco prejuízo. O CEO do aeroporto de Heathrow chegou a trazer dados de que o número de passageiros havia extrapolado a previsão que tinham, com um crescimento de 40 anos em apenas 4 meses, pedindo para que as companhias aéreas não vendessem tantas passagens para conseguirem amenizar o impacto nos passageiros. Ocorre que, as restrições ainda permanecem, assim como os problemas estruturais e operacionais que não há possibilidade de solução em tempo tão curto quanto a vontade de viajar por parte dos passageiros.
O economista Fernando Ulrich, chama isso de choque monetário: a perda do poder de compra juntamente com a expansão monetária. Este choque, acaba por afetar todos os setores, um dos mais afetados sendo o barril de petróleo que, por óbvio também afeta o querosene necessário para abastecer as aeronaves e implica diretamente no custo das passagens.
É necessário observar, todo o contexto em questão e entender o motivo do setor aéreo ser o mais prejudicado. Para isso, é necessário compreender também o significado de ASK (Available-seat kilometers) ou Assentos-quilômetro oferecidos: o número de assentos disponíveis multiplicado pelos quilômetros voados. Isso leva em conta a disponibilidade de aviões, as rotas e o tamanho dos aviões que estão fazendo essas rotas. Além disso, vemos uma escassez de pilotos no mundo inteiro que já estava sendo apresentada em dados pré-pandêmicos e que se agravou na pandemia, pois os custos dos pilotos estavam cada vez mais altos.
Se pegarmos por exemplo a companhia aérea LATAM que, ao divulgar informações quanto os voos, levando em conta o ASK, houve uma queda superior a 30% (junho de 2022). Com todo o contexto pandêmico juntamente com o aumento dos preços, aumento do custo operacional, antecipação de aposentadorias e corte de gastos fizeram com que as companhias aéreas priorizassem aeronaves mais enxutas e econômicas realizando trajetos menores e levando menos passageiros. É de se levar em conta também, todo o processo de contratação de pilotos que devido à importância e treinamento que isso acomete, leva certo tempo, algo que não é imediatamente sanável para a exponencial demanda que vemos em relação à oferta. Cumpre ressaltar que, a falta de oferta para suprir a demanda por parte das companhias aéreas, geram diversos cancelamentos, atrasos, filas, aglomeração e muita dor de cabeça aos passageiros. (Sofreu com atrasos, cancelamentos ou extravio de bagagem? Preencha nosso formulário e deixe-nos lhe auxiliar: www.flighthelpbrasil.com/formulario)
(fonte: https://www.latamairlinesgroup.net/static-files/76f5e2fb-e0b0-4353-9930-06c3c6e6c6d9)
No Brasil, embora melhor que a política econômica argentina, ainda sofremos com grande perda do poder de compra. Em 12 meses, segundo o G1, o preço das passagens aéreas sofreram com um aumento de cerca de 122,4% (junho 2022).
O grande aumento dos preços nas passagens não teve como único culpado a pandemia que obrigou as companhias aéreas a reduzirem drasticamente seu quadro operacional, mas também a irresponsabilidade fiscal dos governos globais que gerou no aumento histórico de preços de todos os produtos, imensa perda de poder de compra por parte da população e uma situação macroeconômica desafiadora para as companhias aéreas que nem sempre são tão resilientes.
Sofreu com algum problema em alguma de suas viagens, conheça mais sobre seus direitos em: www.flighthelpbrasil.com
Matheus Ramos
Comentarios